(Foto: Valter Cirillo/Pixabay)

No último domingo (5), milhares de estudantes brasileiros participaram do primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023. Como nos anos anteriores, o tema da redação gerou grande repercussão em todo país. Neste ano, os participantes tiveram que dissertar sobre os “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.

De modo geral, a expressão “trabalho de cuidado” se refere a prestação de serviços à satisfação de necessidades físicas ou psicológicas de terceiros, sejam eles idosos, crianças, pessoas com deficiência, entre outros.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua 2022, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil as mulheres dedicam praticamente o dobro de horas dos homens aos afazeres domésticos e cuidados de pessoas. São 21,3 horas semanais contra apenas 11,7 por parte dos homens.

Segundo o relatório “Tempo de cuidar”, publicado em 2020 pela Oxfam Internacional, as mulheres são responsáveis por mais de 75% de todo o trabalho de cuidado não remunerado do mundo e frequentemente trabalham menos horas em seus empregos ou têm que abandoná-los por causa da carga horária com o cuidado.

O levantamento aponta que, todos os dias, mulheres e meninas ao redor do mundo dedicam 12,5 bilhões de horas ao trabalho de cuidado não remunerado, o que corresponde a uma contribuição de pelo menos US$ 10,8 trilhões por ano à economia global. De acordo com a Oxfam o valor equivaleria a mais de três vezes o que é gerado pela indústria de tecnologia do mundo.

Ainda segundo o relatório, em 2050 o Brasil terá cerca de 77 milhões de pessoas dependentes de cuidado entre idosos e crianças, o que representa pouco mais de um terço da população estimada.

Leia também: Vanguarda: Argentina anuncia reconhecimento do cuidado materno como trabalho

POLÍTICA

Diante da invisibilidade e falta de apoio ao serviço de cuidado prestado por milhares de mulheres em todo país, o governo federal pretende lançar, em 2024, uma Política Nacional de Cuidados.

Para isso, em março deste ano foi instituído, por decreto, um Grupo de Trabalho Interministerial (GTI-Cuidados), coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS) e pelo Ministério das Mulheres, com participação de outros 15 ministérios.

Além disso, em outubro, o governo abriu uma consulta pública para que a sociedade participe do processo de construção da Política Nacional. As contribuições podem ser enviadas até o dia 15 de dezembro através da plataforma Participa Mais Brasil e do formulário eletrônico disponibilizado na página do MDS.

(*Com informações da Agência Brasil e Oxfam Internacional/Berokanfm)