Em meio a debates acalorados sobre os impactos do uso indiscriminado de agrotóxicos, o Fórum Estadual de Combate aos Impactos do Agrotóxico realizou sua última reunião anual em Marabá. Com a presença de representantes de diversas entidades fiscalizatórias, a discussão central girou em torno dos efeitos nocivos da pulverização aérea na região e a necessidade de regulamentações mais rigorosas para conter os danos à saúde humana e ambiental.

O evento, que foi promovido pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), ocorreu nesta sexta-feira (17), no Plenário da Câmara Municipal de Marabá e, apesar de ser aberto à sociedade civil, a maioria dos presentes era de pequenos e médios produtores. Tópicos como a importância das notificações de intoxicação exógenas por agrotóxico, fiscalização do uso de agrotóxicos em propriedades rurais e parâmetros meteorológicos que influenciam na pulverização área, foram discutidos.

Além deles, a economia circular e o sistema campo limpo, com protagonismo e impacto, também foi levantada.

Ângela Queiroz, promotora de Belém e coordenadora do Fórum, destacou a preocupação com a pulverização aérea, ressaltando que este método tem sido objeto de discussões ao nível nacional: “Precisamos pontuar o fenômeno que leva os agrotóxicos para além do local de aplicação, atingindo comunidades, escolas e hospitais.”, disse.

Ângela também citou a iniciativa de alguns estados e municípios brasileiros que já proibiram a pulverização aérea, citando o caso do Ceará. Ela reforçou a importância de se discutir a possibilidade de vedação dessa prática em Marabá.

A promotora de Justiça Agrária, Alexssandra Muniz Mardegan, que também compôs a mesa complementou a discussão destacando as reclamações frequentes nos treze municípios visitados.
“O lançamento de agrotóxicos por via aérea tem resultado na dizimação de produções inteiras, prejudicando especialmente a agricultura familiar. Por isso, a necessidade de combater não apenas o uso, mas o uso indiscriminado desses produtos, enfatizando o impacto negativo do uso abusivo de agrotóxicos proibidos por lei”, afirmou.

A promotora de Justiça do Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo, Josélia Leontina de Barros Lopes, que preside o Fórum Regional de Combate ao Uso Indiscriminado do Agrotóxico, destacou a importância de combater as irregularidades no uso desses produtos.

“O fórum foca especialmente no uso indiscriminado, enfatizando a necessidade de assistência técnica e a correta observância das normas técnicas. Além disso, há também o problema das empresas clandestinas e a falta de observância das regras durante a pulverização, prejudicando pequenas propriedades do entorno”, pontuou.

A reportagem buscou a perspectiva local do secretário adjunto de Agricultura de Marabá, Marcos Paulo Eleres, que citou os esforços da Secretaria em desenvolver a agricultura familiar com um menor uso de agrotóxicos possível: “É preciso conscientizar os produtores sobre a viabilidade de trabalhar na zona rural com menos defensivos agrícolas, apresentando projetos e avanços realizados ao longo dos sete anos de atuação da Secretaria”, finalizou.

Em suma, o evento revela uma urgência em repensar as práticas relacionadas ao uso de agrotóxicos na região, principalmente no que diz respeito à pulverização aérea. Fica claro a importância da regulamentação, fiscalização e conscientização para mitigar os impactos negativos na saúde humana e no meio ambiente, enquanto se busca alternativas sustentáveis para a agricultura local.

(Thays Araujo: Correio de Carajás/Berokanfm)