(Ninguém foi preso na ação, mas duas pessoas foram identificadas como sendo responsáveis pelos crimes e responderão a inquérito policial. A PF diz ter encontrado indícios da participação de uma liderança indígena e fazendeiros da região. A operação é um preparativo para a desintrusão da TI Kayapó, determinada pelo STF.)

(Foto: Polícia Federal)

A Polícia Federal esteve em um garimpo ilegal de ouro e uma serraria clandestina, localizados em São Félix do Xingu, no Sul do Pará, no limite com a Terra Indígena Kayapó. A operação “Sonho Distante 3” foi realizada na semana passada, mas só teve os resultados divulgados nesta terça-feira (25). Ninguém foi preso, mas foram apreendidos materiais que comprovam a exploração ilegal de minérios e foram destruídos maquinários usados no garimpo e na serraria.

“Uma caminhonete, duas caixas de coleta de ouro e cinco carotes de combustível foram encontrados no local e inutilizados. Ninguém foi encontrado na área do garimpo, que encontrava-se inoperante, mas estava em funcionamento até poucos dias atrás. Dando continuidade à operação, a Polícia Federal logrou êxito em encontrar uma serraria clandestina, instalada dentro da TI. Kayapó, na mesma região do garimpo”, informou a PF, por nota.

Dados levantados pela PF no sistema Planet apontam que cerca de 68 hectares de floresta teriam sido derrubadas pelos madeireiros ao redor da serraria. Seriam 13 hectares de áreas completamente desmatadas e 55 hectares de áreas em processo de desmatamento. Um trator, duas estruturas de apoio, motores, serras e diversos outros instrumentos utilizados na prática criminosa foram encontrados e inutilizados pelos policiais.

Duas pessoas foram identificadas como sendo responsáveis pelos crimes e responderão a inquérito policial. A Polícia Federal informa, na nota sobre a operação, que foi “…identificada a participação de uma liderança indígena na atividade criminosa, além do possível fomento da atividade por parte de grandes fazendeiros locais, que estariam comprando madeira de lei, cuja extração e comercialização é proibida”.

“Caso se confirme tal hipótese durante as investigações, além dos responsáveis já identificados, a liderança indígena e os fazendeiros também poderão ser responsabilizados criminalmente pelos delitos. As ações fazem parte dos preparativos para a desintrusão da T.I. KAYAPÓ, determinada pelo Exmo. Sr. Ministro do STF, LUIS ROBERTO BARROSO, na ADPF nº 709/2020”, concluiu a PF.

Dois dias antes da operação em São Félix do Xingu, a PF realizou uma outra ação contra garimpos na Terra Indígena Kayapó: a operação “Ponto 08”, no município de Ourilândia do Norte, onde foram encerrados dois garimpos (um deles reincidente).

(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional)