(O fogo já devastou 10% da floresta. Indígenas foram atingidos e animais tentam escapar das chamas.)

(Foto: Agência Pará)

Neste sábado (14), a Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (Sepi) informou que enviou equipes para combater incêndios que ocorrem desde o início do mês de setembro na Terra Indígena Mãe Maria, no município de Bom Jesus do Tocantins, no sudeste do Pará. O fogo já devastou 10% da floresta. O governo do Estado enviou para a região uma aeronave, um caminhão-pipa, caminhonetes e outros veículos de apoio, além de 28 bombeiros militares, equipamentos e materiais para enfrentar o incêndio florestal.

Aiteipare Airompokre, morador de uma das aldeias atingidas, é brigadista, bombeiro e socorrista, atuando na região desde 2019. Segundo ele, as dificuldades em conter o fogo são grandes. “A aeronave chegou, e outros indígenas brigadistas de outros territórios vieram para cá, para auxiliar no combate às chamas”, informou.

Duas bases foram montadas às proximidades da escola localizada na Aldeia Akrãkaprekti. Nelas, estão brigadistas indígenas e agentes do Corpo de Bombeiros, que atuam para controlar o fogo na região. Por conta disso, as aulas foram suspensas. “Montamos uma base próxima à uma escola e outra nas proximidades. As equipes estão todas empenhadas para evitar que o fogo se aproxime”, assegurou.

Operação Fênix

Em reunião com representantes do Ministério Público Federal (MPF), Defesa Civil de Bom Jesus do Tocantins, Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e Corpo de Bombeiros Militar do Pará (CBMPA), no âmbito da “Operação Fênix”, montaram um plano estratégico de combate às chamas para proteger os indígenas das aldeias no território atingido.

Durante a reunião, um dos pontos mais debatidos foi a quantidade expressiva de focos de incêndio na área indígena, principalmente em projeção para o interior da mata virgem, o que dificulta o acesso terrestre.

Para conter esses focos, máquinas foram encaminhadas para abrir uma linha de frente na mata e facilitar a contenção das chamas, recorrendo aos aceiros – faixas ao longo de áreas de vegetação nativa livres de vegetação -, para coibir a propagação das chamas.

Indígenas atingidos

A Sepi acompanha os trabalhos nas áreas incendiadas, garantindo apoio aos indígenas atingidos. “Estamos acompanhando a situação de perto e verificando quais as principais necessidades deles no momento, para mantê-los em segurança. Estamos recebendo apoio tanto do governo do Estado quanto de instituições sociais”, disse Regilanne Guajajara, assessora Etno-regional da Sepi.

Na sexta-feira (13), o cacique Katê Parkatêjê retirou pelo menos dez indígenas da aldeia Gavião Parkatêjê. A comunidade está localizada na Terra Indígena Mãe Maria, em Bom Jesus do Tocantins, sudeste do Pará.

A Defesa Civil Municipal fez um apelo para o governo federal ajudar no combate as chamas.

“Eles não têm condições de dormir no local. Estão inalando fumaça há dias. Tem idosos se sentindo mal”, anunciou o líder indígena.

Katê compartilhou um vídeo mostrando uma nuvem de fumaça cobrindo a estrada que dá acesso à aldeia e mostrou como fica a aldeia durante a noite.

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis informou que a brigada indígena Sororó foi deslocada para ajudar no combate ao fogo na Terra Indígena Mãe Maria, em Bom Jesus do Tocantins, sudeste do Pará. A equipe deve chegar ao local neste sábado (14).

Segundo o Ibama, o reforço da equipe foi solicitado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai)

O clima quente e seco faz com que o fogo a se espalhe rapidamente pela mata, com a ajuda dos ventos.

Animais em desespero

Na madrugada de sexta-feira (13), indígenas resgataram o filhote de um cachorro do mato que atravessava sozinho a estrada.

A mãe do animal não foi encontrada, o que levantou a suspeita de que ela possa ter morrido queimada.

A morte de animais pelo fogo e o aparecimento de espécies queimadas nas aldeias tem sido recorrente. Quati e jabutis já foram atingidos pelas chamas.

Desde o último domingo (8), indígenas voluntários tentam salvar livros e outros materiais de uma escola na aldeia Gavião Parkatêjê. As aulas estão suspensas desde o início da semana.

G1/PA