(Projeto tem traçado que deve ligar o distrito de Miritituba, em Itaituba (PA), a Sinop (MT) e teve viabilização avançada entre setores do Governo Federal.)

Lideranças paraenses criticaram o projeto Ferrogrão, nesta quarta-feira (20), durante um painel na Conferência das Partes sobre o Clima (COP29) em Baku, no Azerbaijão.

A indígena do Médio Tapajós Alessandra Korap Munduruku e Cleidiane Vieira, do Movimento Atingidos por Barragens (MAB), falaram sobre impactos de projetos logísticos na Amazônia, defendendo alternativas sustentáveis para a região.

Korap é liderança do povo Munduruku e ganhadora do Prêmio Goldman 2023. Ela pediu a paralisação da a ferrovia projetada para escoar grãos do Centro-Oeste pelo Rio Tapajós, no Pará.

“São hidrovias, hidrelétricas, portos e ferrovias que destroem a Amazônia e a vida dos povos tradicionais. Só no Tapajós, há 41 portos planejados, 27 já em operação, e apenas cinco licenciados”, afirmou.

A viabilização da construção da Ferrogrão avança entre setores do Governo Federal. Na segunda-feira (18), o Ministério dos Transportes emitiu diretrizes para assumir o licenciamento ambiental da ferrovia e de outros projetos estratégicos, como a EF-118 e o corredor FICO-FIOL.

O projeto da Ferrogrão prevê quase mil quilômetros de trilhos entre Sinop (MT) e Miritituba, distrito no município de Itaituba (PA).

As estimativas oficiais apontam que a ferrovia aumentaria em seis vezes o transporte de grãos pelo Rio Tapajós até 2049.

Para Alessandra, os investimentos para construir a ferrovia não vai trazer melhora de vida para os amazônidas. “A Ferrogrão é parte de um modelo que nunca pensou nos povos da Amazônia”, declarou.

Taymã Carneiro, g1 Pará — Belém