(A investigação revelou uma ampla rede de corrupção, envolvendo empresários e integrantes da Polícia Militar.)

A Polícia Federal realizou, nesta quinta-feira (28/11), uma operação de grande impacto na região do Tapajós, no oeste do Pará, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa envolvida na extração e comercialização ilegal de ouro. Batizada de Operação Cobiça, a ação cumpriu 21 mandados de busca e apreensão, 4 de prisão preventiva, além de medidas de sequestro de bens e afastamento de servidores públicos de suas funções. A investigação revelou uma ampla rede de corrupção, envolvendo empresários e integrantes da Polícia Militar.

Entre os alvos, destacam-se o Coronel Pedro, comandante do Comando Regional (CPR 10) em Itaituba; o Tenente-Coronel Campos, responsável pelo 15º Batalhão da Polícia Militar; e o Cabo Sidney. Os três foram presos preventivamente sob acusações de roubo de carga, desvio de ouro, segurança privada ilegal e formação de milícia. De acordo com a investigação, os militares facilitavam as operações da organização criminosa, oferecendo suporte logístico e proteção armada para as atividades ilícitas.

Além disso, a operação evidenciou que o ouro extraído pela organização tinha como origem terras indígenas e áreas de reserva legal, especialmente na Terra Indígena Munduruku, uma das mais impactadas pelo garimpo ilegal. Há indícios de que os servidores públicos investigados recebiam pagamentos mensais, variando entre R$ 4 mil e R$ 10 mil, para omitir ações repressivas e garantir o funcionamento do esquema. Os valores eram pagos diretamente pelas empresas envolvidas no garimpo, que utilizavam até mesmo recursos de instituições públicas para transporte e armazenamento do ouro.

A ação deflagrada nesta quinta-feira é um desdobramento da Operação Ganância, realizada em Rondônia em 2022, que identificou desvios de recursos públicos em serviços de saúde e atividades minerárias. Na investigação atual, descobriu-se que o grupo criminoso causou danos ambientais significativos, extraindo ouro de 212 hectares de áreas protegidas, com lucros estimados em mais de R$ 1 bilhão entre os anos de 2020 e 2021.

Entre os investigados também está um empresário condenado anteriormente por tráfico de drogas, tentativa de homicídio e uso de documentos falsos. O envolvimento de indivíduos com esse histórico reforça a complexidade e a abrangência do esquema criminoso. Além dos crimes ambientais, a operação apura a prática de lavagem de dinheiro, usurpação de bens da União e formação de organização criminosa.

A Operação Cobiça expõe uma rede de corrupção enraizada em diferentes esferas da administração pública, incluindo aqueles que deveriam atuar como garantidores da segurança. 

(Portal Debate)