Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou relatório sobre conflitos no campo no período; coordenador associa resultados com maior conscientização e, consequentemente, crescimento no número de denúncias.

(Foto: Reprodução/RBS TV)

A contaminação por agrotóxicos nas comunidades rurais aumentou quase 10 vezes no primeiro semestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano passado, segundo relatório divulgado nesta segunda-feira (2) pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).

De acordo com a organização, que é ligada à igreja católica e divulga informações sobre conflitos agrários desde 1985, o número de casos foi de 19, em 2023, para 182, em 2024.

A informação faz parte de um documento sobre conflitos agrários no primeiro semestre de 2024, que incluiu também estatísticas sobre outros temas, como trabalho escravo

O crescimento dos casos de contaminação é resultado do aumento do número de denúncias realizadas por comunidades afetadas pelo problema, segundo Ronilson Costa, da coordenação da CPT.

“Os casos que aconteceram em 2022 e 2023 foram muito visibilizados. Quanto mais se comunicou esses fatos, mais as pessoas consideraram uma situação grave e passaram a denunciar”, explica Costa.

Além disso, ele destaca que a expansão das áreas de monocultura de soja, milho e algodão, especialmente no Maranhão, onde se concentram a maioria dos casos (156), também contribuiu com o cenário.

Segundo o relatório, no Maranhão, “comunidades estão sofrendo severas consequências da pulverização aérea de veneno”.

Costa pontua também que, entre março e maio, aumenta a pulverização aérea (aplicação de produtos químicos em áreas agrícolas por meio de aviões ou drones) em regiões do Matopiba. Esta região, formada por partes dos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, é importante produtora de soja no Brasil.

Lara CasteloMarcelo Tuvuca: G1/PA