(Foto: Ag. Brasil)
O Dia Internacional da Solidariedade da Pessoa Detenta ou Desaparecida, celebrado nesta terça-feira (25), traz à tona uma realidade preocupante no Pará, pois o número de desaparecimentos no estado tem aumentado nos últimos anos. A data procura despertar a sensibilização sobre a situação desumana em que vivem os encarcerados e a angústia de milhares de parentes e amigos de pessoas que simplesmente desaparecem sem deixar vestígio. Dados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) mostram que, entre janeiro e fevereiro de 2025, foram registrados 230 casos. No mesmo período de 2024, o número foi de 143, e em 2023, de 141.
Nos balanços anuais, a tendência também é de crescimento. Em 2023, foram 1.058 desaparecimentos registrados, e em 2024, esse número subiu para 1.081. A Segup pontua que esses dados referem-se às ocorrências registradas no momento do desaparecimento, mas não indicam quantas pessoas foram posteriormente localizadas, já que muitas famílias não retornam para atualizar a situação.
O aumento nos casos reflete o sofrimento de muitas famílias que convivem com a dor da ausência. Sebastiana da Fonseca Costa, de 53 anos, conhece bem essa realidade. Seu irmão, Manoel Melo da Fonseca, está desaparecido há décadas. “A tristeza e a angústia que carrego no coração é muito grande. Meu irmão desapareceu há muitos anos, e até hoje não temos notícias dele”, conta.
O último contato com Manoel aconteceu há mais de 40 anos. “Quando ele foi embora de casa pela primeira vez, eu tinha apenas dois meses de vida. Ele voltou quando eu tinha 11 anos, ficou alguns dias conosco e depois partiu novamente. Desde então, nunca mais soubemos onde ele está, se ainda está vivo ou não”, lamenta Sebastiana.
A incerteza também pesa sobre as três filhas de Manoel, que ele deixou em Paragominas, no nordeste paraense. “Mantemos contato com elas, e elas sofrem muito por não terem conhecido bem o pai. Quando ele saiu de casa, elas ainda eram pequenas, tinham cerca de quatro, cinco e seis anos”, relembra.
Sebastiana e sua família já tentaram inúmeras formas de encontrá-lo. “Já tentamos procurá-lo de várias formas: por ligações, por cartas — na época em que ainda se usavam cartas para se comunicar —, e buscamos informações em diversos lugares. No entanto, nunca tivemos êxito. Ninguém sabe do paradeiro dele”, reforça.
Segundo Sebastiana, a angústia persiste e atravessa gerações. “É uma dor imensa, pois ele é meu irmão. Meus pais faleceram sem terem notícias dele, e essa incerteza só aumenta a nossa tristeza”, desabafa Sebastiana.
O Liberal