(Território indígena Amanayé concentrou 88% da atividade ilegal em áreas protegidas. Governo do Pará afirma que atua com políticas públicas para reduzir o desmatamento, combater a exploração ilegal de recursos florestais e promover o uso sustentável das florestas.)

(Foto: Marinha)

Um relatório do Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex), divulgado nesta sexta-feira (24), revelou que 47% de toda a exploração madeireira registrada no Pará entre agosto de 2023 e julho de 2024 ocorreu sem autorização legal.

Ao todo, foram mapeados 43.052 hectares de extração de madeira no estado.

  • Desses, 22.650 hectares (53%) tinham autorizações ambientais válidas
  • Enquanto 20.402 hectares (47%) foram explorados ilegalmente.

Em nota, a Secretaria de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas) informou “que, entre agosto de 2023 e julho de 2024, as ações de fiscalização realizadas pelos agentes estaduais, resultaram na apreensão de 14,9 mil m³ de madeira extraída de forma irregular”.

A Semas disse ainda que “essas ações integram o Plano Amazônia Agora (PEAA), política pública que estrutura as estratégias do Governo do Pará para reduzir o desmatamento, combater a exploração ilegal de recursos florestais e promover o uso sustentável das florestas”.

O estudo divulgado nesta sexta-feira (24) foi produzido pela Rede Simex, que reúne as instituições Imazon, Idesam, Imaflora e ICV.

Em relação ao período anterior, entre agosto de 2022 e julho de 2023, a área total de extração de madeira caiu 17%, passando de 52.105 hectares para 43.052 hectares. A exploração legal diminuiu 25%, enquanto a extração ilegal recuou 6%.

Segundo Camila Damasceno, pesquisadora do Imazon, os números mostram que o Pará ainda enfrenta dificuldades para conter o crime ambiental.

“A queda na área com extração de madeira ilegal é positiva, porém ainda representa um percentual muito alto em relação à totalidade da atividade madeireira”, afirmou.

Aumento em áreas protegidas

O estudo apontou também um crescimento expressivo da extração ilegal dentro de áreas protegidas. Entre agosto de 2023 e julho de 2024, foram detectados 2.307 hectares de exploração irregular nesses territórios, uma alta de 165% em relação ao período anterior, quando o total foi de 870 hectares.

A maior parte dessa atividade foi registrada no território indígena Amanayé, em Goianésia do Pará, no sudeste do estado, que concentrou 88% da área ilegal explorada em áreas protegidas.

Agentes do Ibama flagram a exploração ilegal de madeira e a grilagem de terras em reservas no AM e MT

A TI teve 2.026 hectares afetados pela extração madeireira, aumento de 152% em relação ao ciclo anterior, entre agosto de 2022 e julho de 2023.

O Imazon destaca que o território Amanayé foi decretado em 1945 e aguarda há 80 anos a homologação, situação que o torna mais vulnerável a invasões e pressões sobre as comunidades indígenas que vivem na região.

A Floresta Nacional de Caxiuanã, situada em Portel e Melgaço, também foi atingida, com 281 hectares de extração não autorizada.

Municípios com mais irregularidades

Dez municípios concentraram 85% de toda a extração de madeira ilegal mapeada no Pará, um total de 17.446 hectares.

ParagominasDom Eliseu e Goianésia do Pará lideram a lista, respondendo juntos por 9.311 hectares, o equivalente a 46% de toda a área irregular detectada no estado.

Com informações do G1/Pará