A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) realizou na última semana a entrega oficial do certificado da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), que reconhece o Brasil como zona livre de febre aftosa sem vacinação. A conquista posiciona o estado, detentor do segundo maior rebanho bovino do país com mais de 26 milhões de cabeças, em um novo patamar no comércio internacional de carnes.
O reconhecimento foi oficializado em maio deste ano durante a 92ª Assembleia Geral da OMSA, realizada na França, e representa o resultado de três décadas de esforço conjunto entre produtores rurais, órgãos de defesa sanitária e entidades do setor pecuário. A certificação abre as portas para mercados de alto valor agregado, como Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e União Europeia, que exigiam essa condição sanitária para importação de carne bovina brasileira.
A certificação da OMSA representa muito mais do que um reconhecimento técnico. Para o setor produtivo paraense, o título significa acesso a mercados que pagam melhor pela carne brasileira e valorizam os padrões de qualidade e sanidade animal. Daniel Freire, presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados no Estado do Pará (Sindicarne), explica que a abertura de fronteiras não se traduz apenas em maior volume de exportações, mas fundamentalmente em melhor cotação para o boi e para a carne.
O impacto econômico da certificação é significativo quando se analisa os números da produção paraense. O estado produz cerca de 1 milhão de toneladas de carne bovina por ano, mas consome internamente apenas 250 mil toneladas. Essa diferença entre produção e consumo torna essencial a abertura de novos mercados para o escoamento da produção excedente.
Com a certificação, cortes menos consumidos no mercado interno, como músculo e patinho, poderão ser direcionados para exportação, enquanto cortes nobres, como o contrafilé, terão melhor valorização no mercado europeu, conhecido por pagar preços premium por produtos de alta qualidade.
Três décadas de trabalho
A conquista do status de zona livre de febre aftosa sem vacinação não aconteceu da noite para o dia. Rose Remor, assessora técnica do Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Estado do Pará (Fundepec/Faepa), destaca que o resultado é fruto de três décadas de esforço, vigilância e conscientização no campo.
Perspectivas para o futuro
Com o novo status sanitário, a expectativa do setor é de crescimento expressivo nas exportações de carne bovina paraense nos próximos anos. A abertura de mercados como Estados Unidos e Japão, que estão entre os maiores importadores mundiais de carne bovina e pagam os melhores preços, representa uma oportunidade histórica para os produtores do estado.
A conquista também reforça a posição do Brasil como um dos principais fornecedores mundiais de proteína animal de qualidade, consolidando a confiança internacional no sistema de defesa sanitária brasileiro e abrindo caminho para que outros estados da federação busquem a mesma certificação.
Com informações do Correio de Carajás

 
                                                                                            