(Mulheres e lideranças de Xikrin, Xypaia, Arara e Juruna protestam contra mineração de ouro; ofício enviado a órgãos federais detalha 10 demandas dos povos indígenas da Volta Grande do Xingu, região que pode ser impactada pelo projeto canadense de mineração ‘Belo Sun’.)

(Foto: Reprodução)

Cerca de 200 manifestantes indígenas dos povos Xikrin, Xypaia, Arara e Juruna ocupam a sede da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em Altamira, no sudoeste do Pará, desde segunda-feira (8) para pressionar o governo federal em relação a direitos territoriais na Volta Grande do Xingu.

Segundo as lideranças indígenas ouvidas pelo g1, a ação ocorre em um contexto crítico para a região, onde megaprojetos como o projeto canadense de mineração de ouro da Belo Sun “ameaça os modos de vida tradicionais e a segurança ambiental dos povos originários”.

g1 solicitou posicionamento da empresa responsável pelo projeto, mas ainda não havia obtido resposta até a última atualização da reportagem.

Representantes de 6 territórios indígenas participam da mobilização: Terra Indígena (TI) Ituna-Itatá, TI Cachoeira Seca, TI Paquiçamba, Território Juruna, Território Pacajaí e TI Trincheira-Bacajá.

Liderança Xikrin, Ngrenhararati Xikrin afirma que a TI Trincheira Bacajá foi ignorada no licenciamento da Belo Sun, apesar de serem potencialmente impactados. “Já enfrentamos diversas ameaças até de contaminação pela mineração. Esse projeto só vai destruir ainda mais nosso território”, afirmou.

Entre os Arara, Sol Juruna explica que há uma situação de “colapso, invasões, insegurança alimentar grave e perda acelerada de recursos”.

Ela explicou ainda que no caso dos Juruna há territórios ainda não demarcados e que enfrentam risco de remoção reforçada, como é o caso da Aldeia São Francisco, localizada a 500 metros da barragem de rejeitos que está sendo projetada.

As lideranças indígenas pedem a instauração de mesa de negociação. Um ofício com dez reivindicações foi enviado na terça-feira (9) ao Ministério Público Federal (MPF), Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Funai, Agência Nacional de Águas (ANA), 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, Sesai e Secretaria de Educação Profissional Indígena (Sepi).

Todos os órgãos citados foram procurados pela reportagem – veja ao final da reportagem. Uma reunião foi realizada na manhã desta quarta-feira (10), com representantes da Funai em Brasília, mas sem acordo, terminou com a promessa de envio de uma proposta para o fim da manifestação.

Com informações de Taymã Carneiro/G1 Pará