(Foto: Reprodução / PF-PA)

Os fazendeiros Adelson Costa da Cruz e Antônio Borges Belfort, que exploravam ilegalmente a Terra Indígena (TI) Apyterewa, do povo Parakanã, em São Félix do Xingu, no Pará, agora são considerados foragidos da Justiça e estão sendo procurados pela Polícia Federal.

Os dois são invasores, apontados como as lideranças mais resistentes à retirada de não-indígenas do território e que queriam tentar impedir a operação federal na região. O g1 tentava contato com a defesa deles até a publicação da reportagem.

A operação buscava cumprir os dois mandados de prisão preventiva nesta quarta-feira (20), mas ambos fugiram. Foram cumpridos quatro de busca e apreensão contra os dois fazendeiros – dois deles nas fazendas Fé em Deus e Fazenda Sol Nascente, dentro da TI, que pertencem a um dos foragidos, localizadas no Distrito da Taboca.

Um dos foragidos também integra um novo processo movido pelo Ministério Público Federal (MPF) no último dia 18, contra invasores da TI, também segundo a PF.

A ação de terça-feira se deu no contexto da Operação de Desintrusão das TI Apyterewa e Trincheira Bacajá, com apoio da Força Nacional de Segurança Pública.

Os foragidos podem ter penas que chegam a 24 anos de prisão nos seguintes crimes:

invasão e exploração econômica da Terra Indígena Apyterewa,

incitação a crimes inerentes à invasão,

desobediência às ordens que determinaram a desintrusão da área,

estelionato,

constrangimento ilegal,

manutenção de trabalhadores em condição análoga à de escravidão,

manter espécies da fauna silvestre nativa em cativeiro.

Durante a desintrusão já houve prisão de liderança da invasão. Uma mulher foi presa. Na ação, invasores atiraram rojões e dispararam tiro de arma de fogo, atingindo viatura da PF.

Fazendeiros queriam impedir desintrusão, diz PF

A PF explicou que as investigações apontaram que, ao longo da Operação de Desintrusão, os dois fazendeiros que atuavam como líderes queriam impedir a ação dos órgãos públicos e cumprimento da ordem judicial, incitando invasores à resistência e à prática de crimes.

O grupo chegou a impedir passagem das viaturas ao longo das estradas com ações de sabotagem, como a inutilização de pontes e a derrubada de árvores.

Desintrusão

O Plano de Desintrusão das Terras Indígenas Apyterewa e Trincheira Bacajá foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro de 2023. Com apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e de outros órgãos, o governo federal deve cumprir decisão judicial para garantir aos povos indígenas o direito de usufruir do território de forma plena e integral.

A operação consiste na retirada de não indígenas que ocupam irregularmente parte das terras Apyterewa (homologada em 2007) e Trincheira Bacajá (homologada em 1996), localizadas entre os municípios de São Félix do Xingu, Altamira, Anapu e Senador José Porfírio, no sudeste do Pará.

Dados atualizados do Programa Brasil MAIS, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, apontam que houve queda de 93,7% do desmatamento na região, no período de outubro até 17 de dezembro deste ano, em comparação ao mesmo período de 2022.

A TI Apyterewa foi a mais desmatada do país nos últimos quatro anos e fiscalizações dos órgãos ambientais resultaram na aplicação de R$ 14 milhões em multas.

G1/PA